por Richard Rudd
O que realmente significa transformar as suas Sombras? Como se faz isso?
Comece com uma Chave-Gene, e a melhor forma de começar é pela Esfera do seu Ofício. Leia essa Chave-Gene, pense um pouco sobre ela. Observe essa Sombra ao seu redor. Veja como ela opera no mundo. Então, observe-a na sua vida interior. Como ela se mostra? Como você responde pessoalmente a ela? Como ela faz você se sentir? Não precisa ficar tenso. Apenas observe. E, então, pegue a energia da Sombra e contemple essa frequência. Da próxima vez que se sentir desconfortável – talvez física, emocional ou mentalmente – faça uma análise interior de como essa Sombra pode ser responsável por esse sentimento. Use o seu intelecto no problema. Use a sua imaginação. Explore essa questão dentro de você. Confie na sua intuição. Passe o tempo que precisar nesse processo até a sua vida lhe mostrar como a Sombra funciona dentro de você.
Pode ser que o processo seja mais rápido para algumas pessoas. Para outras, pode levar semanas ou até meses. Seja paciente. Quanto mais esperar, maiores serão os lampejos. Assim que você se identifica com a Sombra, começa o seu processo de transformá-la.
A Descoberta¹
Muitas vezes, a primeira etapa dessa Descoberta é simplesmente ver o nosso padrão de sombra emocional com objetividade pela primeira vez. Pode ser um choque perceber o quanto temos sido vítimas de uma crença emocional específica. Ver o padrão com clareza leva à consequente dissolução gradual do problema, à medida que a nossa consciência continua a se desfazer desse padrão. Cedo ou tarde, nossa prática contemplativa transforma totalmente a velha sombra e sua negatividade, até ela não nos assombrar mais ou causar a dor que costumava causar.
A Descoberta pode vir tanto na forma de uma conscientização repentina, ou como uma expansão emocional contínua, enquanto vamos erradicando um velho paradigma que tem nos perseguido, e aos nossos relacionamentos, há anos. Na maioria dos casos, a Descoberta dura um período considerável de tempo, já que estamos deixando de lado padrões que se formaram muito tempo atrás quando ainda éramos crianças. Se em qualquer momento você se sentir sobrecarregado por essas mudanças internas provocadas pela sua prática contemplativa, é recomendável procurar um terapeuta ou aconselhador profissional capaz de ajudá-lo a atravessar essa fase de transição.
Consentir, Aceitar e Acolher – os três estágios da Descoberta
A Descoberta possui três fases distintas que podem fazer com que nos entreguemos ainda mais fundo ao processo. Essas fases também podem nos dar um parâmetro de onde nos encontramos no nosso próprio território emocional, bem como para onde estamos nos dirigindo.
A primeira fase é consentir a dor. Quer o sentimento doloroso seja raiva, medo, apatia, ressentimento, tristeza ou qualquer outra emoção, o primeiro passo é simplesmente se permitir senti-lo. Você não tem que gostar dele, nem aceitar sua existência.Você pode até odiar o sentimento. Consentir é abrir um espaço ao redor do seu desconforto. Enquanto você não consentir o que estiver vivenciando dentro do seu ser, você está negando a dor, e ela vai apodrecer dentro da sua psique. A beleza de consentir está em sua imensa generosidade. É só abrir a porta um pouco, o que for confortável. Não há pressão alguma em consentir. Nós apenas damos uma espiada no padrão. Podemos até fechar a porta de novo se for muito doloroso. Consentir é um processo no qual vamos abrindo a porta aos poucos durante um bom período de tempo.
A segunda fase tem início depois de uma quantidade razoável de consentimento. A aceitação acontece quando começamos a nos acostumar com o desconforto. Finalmente percebemos que a dor emocional não irá nos matar. Ela pode parecer avassaladora, e até mesmo aterrorizante, pode nos fazer sentir irritados, amortecidos ou cheios de raiva. Aceitar um padrão negativo é como pegar um cão ou gato abandonado que sofreu abusos. Leva tempo para reconstruir a confiança. Essa parte da nossa psique precisa desse período de aclimatização no qual vamos percebendo aos poucos a profundidade da nossa dor. Enquanto consentir abre espaço para todos os tipos de sentimentos e seus extremos, aceitar nos leva a um lugar mais profundo e maduro no qual estamos verdadeiramente enfrentando a nossa própria dor ou dificuldade com amor e compreensão.
A fase final é acolher, o ápice de qualquer Descoberta. Uma vez que um padrão de sombra emocional tenha sido totalmente aceito em um nível mais profundo, ele é efetivamente expurgado do nosso sistema. A memória dolorosa que deu origem à dificuldade foi recebida com a nossa mais profunda e sincera compaixão. Ela pôde se expressar sem ser projetada no outro como acusação. Também não reprimimos a sombra como algo vergonhoso que queremos esquecer. Por algum tempo, com muita coragem, o padrão foi transformado e, em uma linda reviravolta, ele se tornou algo excepcional – ele se tornou Graça.
A Graça pode tomar muitas formas – ela pode vir como perdão, empoderamento, humildade ou algum outro profundo sentimento de resolução emocional. A essência da Descoberta é a nossa dor revelando seu verdadeiro propósito superior – nos proporcionar uma profunda sensação de plenitude e amor.
Conclusão
Cada uma dessas três fases tem seu próprio ritmo e tempo. Não existem regras. Às vezes, o progresso parece bem lento e gradual. Em outros momentos, com outros padrões, você pode passar da fase um para a três com uma rapidez surpreendente.
As qualidades mais importantes que podem nos ajudar a transcender os nossos estados de Sombra são a paciência, a autocompaixão e a suavidade. Esse processo não precisa ser tenso e difícil. Quando você aborda com suavidade essa exploração, ela irá se abrir dentro de você como uma flor. Porque a nossa sociedade e a maneira como fomos criados costumam nos ensinar a ficar tensos quando nos deparamos com dificuldades, apenas essas três preciosas qualidades já serão capazes de mudar a sua vida.
¹ O texto a seguir foi extraído do Livro “A Arte da Contemplação” de Richard Rudd.
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